Saida do funeral na sede da Escola Santo Anfonso: comoção em Brotas pela morte do padre João
Clima
de emoção e sentimento de gratidão marcam o funeral do holandês que escolheu
esta cidade com sua pátria
Uma
multidão participou das últimas homenagens ao Monsenhor João Cristiano neste
domingo (3) em Brotas de Macaúbas, onde o religioso católico morreu na manhã da
última sexta-feira. “Padre João”, como era chamado pelo povo, viveu em Brotas
desde o final dos anos 60, exercendo ainda o sacerdócio em Barra do Mendes,
Ipupiara, Morpará, Ibipeba, Oliveira dos Brejinhos, Ibotirama e Barra. Nascido
na Holanda como Johannes Christiaan Franciscus Appelboom, o ele escolheu esta
cidade para sua missão evangelizadora e de promoção social, fundando aqui a
Escola Maria Gorete (1971 a 1977) e a Escola Santo Afonso (1978), além de
implantar as Comunidades Eclesiais de Base.
O
funeral de Padre João foi marcado pelo sentimento da gratidão. O clima de
emoção tomou conta de cada uma das pessoas que passaram ao lado do caixão para
as últimas despedidas. Lágrimas e depoimentos, sempre ressaltando a grande
figura humana e religiosa foram o destaque. Do prefeito Litercílio Nunes ao
mais simples dos presentes todos foram unânimes em reconhecer a obra deixada
pelo religioso. Um legado de valor incalculável e que deve ser preservado para
que as futuras gerações também possam ser igualmente beneficiadas.
Velório na capela da Escola Santo Afonso: grande sentimento coletivo de pesar e saudade
Orações na hora do adeus ao padre João durante o sepultamento no Cemitério Municipal de Brotas
SENTIMENTO
DE PESAR
A
morte de padre João Cristiano deixou um grande sentimento de pesar entre os
brotenses. No velório, realizado na Escola Santo Afonso, na missa de corpo
presente, celebrada pelo bispo Dom Luiz Cappio, na igreja Matriz e na missa de
despedida, celebrada na capela Santo Afonso, praticamente todos os habitantes
de Brotas e muita gente vinda de outras localidades foram dar o último adeus ao
religioso. Em cada um deles, o sentimento pela perda era visível.
Como
expressou a professora aposentada Ivete Marise, que atuou 20 anos como ministra
da Eucaristia, “Brotas e sua gente devem muito a este homem de Deus que dedicou
boa parte de sua vida a fazer o bem, dar testemunho de fé e promover
principalmente aqueles menos favorecidos”. Pensamento semelhante expressou
outra professora, Lélia Porto, que trabalhou com Padre João desde o início de
sua jornada religiosa em terras brotenses. Ela recordou desses primórdios, “quando
nosso trabalho era visto como coisa de terrorista. Mas o padre João nunca teve
medo de nada e seguiu em frente”.
A professora Selma Mutim postou na internet que “o monsenhor João Cristiano
foi muito importante na minha formação cristã e de muita gente. Estará sempre
em nossas lembranças”. Já Edvaldo Luiz, no Facebook, destaca:
50
ANOS DE SACERDÓCIO
Em
dezembro de 2011, Padre João Cristiano foi homenageado pela população pelos 50
anos de vida sacerdotal. Houve almoço na Escola santo Afonso, missa solene na
Matriz, coquetel de confraternização e apresentação teatral. O religioso, que
já havia atuado como ator na adolescência assistiu com o povo a apresentação do
Auto de Nossa Senhora, na estreia do grupo Cultural Cayam-Bola, do qual se
tornou padrinho.
No
texto da peça, que contava a história de Brotas de Macaúbas, a partir do
milagre da vaquinha atribuído a Nossa Senhora, ressaltou-se em versos o
trabalho de Padre João:
“Boa noite minha gente/Estamos aqui pra brincar
Contar uma linda história/E também comemorar
50 anos de sacerdócio/De uma figura sem par
Monsenhor João adotou
essa terra/E aqui exemplo grande deu
Vindo de terra holandesa/Em
Brotas se estabeleceu
Com sua fé e trabalho/Muita
gente promoveu
A Escola Maria Gorete/E
As CEBS implantou
A Escola Santo Afonso/São
exemplos de valor
De um homem que sua vida/Toda
a Brotas dedicou
Pra homenagear Monsenhor
João/Seguidor de Nossa Senhora
Nos 50 anos do seu
sacerdócio/Contaremos nesta hora
O milagre da Santa/E um
pouco da nossa história”.
Foto arquivo
AÇÕES
EMERGENCIAIS
Como
relata o vice-prefeito Ailton Ribeiro Alcântara em “Comunidades de Base na década
de 1970: a formação de lideranças na Paróquia de Brotas de Macaúbas, Diocese de
Barra (BA)”, “as primeiras ações emergenciais da Paróquia foram as campanhas de
conscientização para a higiene dentro de casa e a prevenção de doenças: eram
campanhas de fossas, filtros, chuveirinhos (baldes com chuveiros embutidos)”.
Ele
explica que “a Paróquia chegou a fazer uma espécie de fundo rotativo para que
as famílias adquirissem filtros. Foram dessas campanhas e das reflexões feitas
nos conselhos de comunidades que surgiu a necessidade de criar as equipes de saúde
nas comunidades e preparar atendentes de saúde e também as parteiras tradicionais
para estas, para se atender as necessidades da área e também ser mais uma
comissão para mais pessoas assumirem tarefas na comunidade”.
O
documento relata que “o mais grave problema na época era a mortalidade
infantil. Muitas crianças morriam do “mal de sete dias” (o tétano), decorrente
de infecções causadas no momento do parto, especialmente no corte do cordão
umbilical. Para orientar essas equipes de saúde, havia a formação dos
atendentes de saúde. Eram realizados cursos de qualificação e, durante a
atuação dos(as) atendentes, uma pessoa da Paróquia ficava responsável para
acompanhá-los(as) nas comunidades. A Diocese também tinha esse trabalho de
saúde e mantinha um(a) atendente em muitas paróquias. As parteiras tradicionais
também recebiam cursos e orientações das atendentes; aos poucos, elas iam
mudando suas práticas supersticiosas que colocavam em risco a vida das
crianças. Um pequeno projeto com recursos externos possibilitou a distribuição
de malas com kits completos para as atendentes de saúde e para as
parteiras tradicionais”.
E
completa: “Percebendo a grande quantidade de crianças não registradas no
município, padre João Cristiano tomou a decisão de só batizar crianças que
tivessem certidão de nascimento. Essa atitude foi muito criticada na época,
como um gesto arbitrário do padre. Porém, isso fez com que muita gente buscasse
registrar seus filhos para não perder a possibilidade do sacramento. Hoje a
população relembra esse fato e agradece ao padre por ter seu registro de
nascimento”.
Na Eucaristia, vida dedicada a Cristo
Grande perda para todos os seres humanos a doce figura do Padre João. Na última visita que fiz á Brotas quiz entrevistá-lo e ele me disse "eu não fiz nada,não tenho nenhuma importância, entreviste gente importante." Eu lhe respondi brincando:"Padre João, tudo bem, quro entrevistar o senhor porque gosto muito dos seus conselhos." E então ele deu a entrevista. Que Deus o tenha em sua santa glória.Nós o amamos para sempre.
ResponderExcluirShow de bola essa matéria. Parabéns Rosalvo.....
ResponderExcluirSOU HISTORIADOR, MORRO EM BARRA DO MENDES, ONDE O PE JOÃO RESIDIU POR ALGUNS.
ResponderExcluirGOSTARIA DE SABER QUAL A DATA DO NASCIMENTO DO PE JOÃO E SE POSSIVEL N. DE TELEFONES DE PARENTES DELE NA HOLANDA
EDIZIO MENDONÇA - BARRA DO MENDES - BA - ediziomestre@hotmail.com
Viajei com o padre Appelboom em março de 1972 de Amsterdam para Rio, no navio Eemland. O Eemland iria para Recife, mas no meio do oceano o destino foi mudado para Rio de Janeiro, prejudicando então o padre Appelboom. Vejo nas matérias sobre o padre que ele tinha o titulo de monsenhor. Ele tinha sido promovido? Como funcionou isso, já que ficou servindo como vigário em Brotas? Antecipadamente grato, Martinus
ResponderExcluir