As fotos feitas por Luciano Brotense na região da Lagoa do Capim mostra a devastação causada pela estiagem onde as lavouras foram totalmente devastadas pela falta de chuva
Reportagem
de Juliana Brito (A TARDE) diz que este
levantamento indica os percentuais de perdas em diversos segmentos do setor
agropecuário, mas não revela o tamanho do prejuízo financeiro. "Ninguém
tem esse dado", afirma Eduardo Salles, secretário de Agricultura da Bahia.
No entanto, ele reconhece que os danos provocados pela estiagem causaram
prejuízo bilionário para o Estado.
João
Martins, presidente da Faeb, avalia que em relação ao primeiro mapa, divulgado
há 60 dias, a situação piorou muito. "Tivemos grandes perdas. Em abril
passado, alertamos que a seca ia começar, de fato, de agosto em diante. O
problema maior é agora", observa.
Na vizinha cidade de Ipupiara, a foto do vice-prefeito Ascir Leite mostra a Lagoa da cidade totalmente seca
Interior do Estado - A pesquisa foi feita nas
macrorregiões de Senhor do Bonfim, Jacobina, Ipirá, Guanambi, Irecê, Jequié e
Vitória da Conquista. O mapa ainda acrescentou as regiões de Juazeiro, no
Norte, e de Feira de Santana, no agreste, por causa do rebanho de caprinos e da
pecuária de leite e a agricultura de sequeiro, respectivamente.
O
vice-presidente da Faeb, Humberto Miranda, lamenta a situação dos agricultores
e pecuaristas baianos, descapitalizados com a estiagem. "O tempo vai
passando e as agruras vão aumentando. O que resta aos produtores são as terras
e as dívidas", ressalta.
Milho e feijão - Embora as perdas sejam enormes
em toda a área pesquisada, Miranda acredita que o trecho de Senhor do Bonfim a Irecê,
passando por Jacobina, seja o mais afetado. "Eu consideraria essa região
pela extensão dela. Foi muito prejudicada porque é forte na agricultura de
sequeiro (sem irrigação) e perdeu-se boa parte do rebanho e uma parte do que
restou foi vendido a um preço muito baixo", explica.
O
presidente do Sindicato Rural de Irecê (Sinpri), José Carlos Carvalho, afirma
que o prejuízo causado pela seca aos produtores locais é
"inestimável". "A nossa produção de sequeiro teve 100% de perda
e a produção irrigada, 50%", avalia. De acordo com o Mapa de Prejuízos, em
culturas como milho, feijão e mamona, as perdas chegaram a 100%. "Houve
essa queda no milho e no feijão em mais de 200 municípios da região semiárida
da Bahia", afirma Humberto Miranda.
A
mandioca e o sisal também sofreram grandes prejuízos. Em Araci, por exemplo, a
perda na mandioca foi de 80% e de sisal, 60%. Em Barra do Choça houve perda de
70% da lavoura. A situação compromete a geração e a manutenção de empregos. O
sindicato local estima que 15 mil postos de trabalho foram perdidos. Em
Itaberaba, a produção de abacaxi teve redução de 60%. A atividade é grande
geradora de emprego nessa região.
Pecuária - A perda neste setor, verificada
pela pesquisa realizada pela Faeb, foi de 60%, entre rebanhos bovinos, caprinos
e ovinos. Em Juazeiro, a mortalidade dos rebanhos ultrapassou 30%. Na região
sisaleira e bacia do Jacuípe, chega a 40%. "A perda foi principalmente de
bovinos. A pecuária do semi-árido está sendo esfacelada", afirma o
presidente da Faeb, João Martins.
O
presidente do Sinpri, José Carvalho, exemplifica a situação ao falar de Irecê.
"Chegou a tal ponto que as pessoas já estão vendendo as matrizes (animais
usados para reprodução) em grande quantidade", revela.
Leite - Na avaliação do presidente da Faeb,
os mais afetados são os pequenos pecuaristas de leite. "Essa é a única
pecuária que o pequeno pode desenvolver", lamenta. Martins conta que essa
parcela dos criadores tem dificuldade para ter acesso aos programas
emergenciais da seca. Além disso, não podem pagar pelo recurso de pasto, que é
a condução do gado a outros pastos. "Uma viagem dessa custa ao criador R$
1,5 mil", diz.
Outro
problema para o setor é a distribuição do milho subsidiado pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). Os criadores baianos reclamam da demora da
distribuição nos depósitos. O presidente da Faeb conta que tem conversado com a
Companhia a respeito. A proposta da Federação é que o cereal vá para cada um
dos municípios ao invés dos armazéns.