quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Folia de Reis faz resgate cultural







Grupo Cayam-Bola destaca antigos reiseiros Zé Raimundo e Lalu e anima as noites em Brotas de Macaúbas

Depois de quase três décadas, a folia de Reis está de volta às ruas de Brotas de Macaúbas, resgate feito pelo recém-criado Grupo Cultural Cayam-Bola e que vem recebendo grande apoio da população. Este ano o grupo optou por trazer uma mistura dos reisados de Zé Raimundo e Lalu, dois dos mais tradicionais representantes da folia negra do município. Chama a atenção da Burrinha, criação de Zé Raimundo e que há quase 70 anos não aparecia e que rouba a cena com o desempenho de Marcos Roberto, bisneto de Lalu que arranca aplausos por onde passa.

O resgate desta que é uma das maiores, mais belas e ricas manifestações culturais da Chapada Diamantina em Brotas de Macaúbas apresenta músicas que continuam vivas no imaginário popular, com o tradicional samba de roda Catarina Balaio de Fulô, retirado do Reis de Lalu que com a canção homenageava a mulher, Catarina. Outro destaque do reisado em Brotas vai para Preta, filha de Lalu e Catarina que, mesmo sendo hoje de religião evangélica, se rendeu aos encantos do reisado.



O Grupo Cultural Cayam-Bola utiliza instrumentos de percussão e agrega a sanfona de Mestre Noé. O desfile do Reis pelas ruas arrasta o povo e a cada dia vai a um ponto diferente da cidade. O integrantes cantam o reisado tradicional de Lalu que diz num dos versos que “vai chegando em vossa porta/Os três reis do Oriente/Visitar Menino Deus/Que nos ama docemente”. A cantoria segue com os tradicionais mimos, com que são saudadas as pessoas visitadas. O ritual prossegue com a reza da Lapinha (presépio) e os brincantes caem na folia, usando uma das mais importantes matrizes do samba rural.


Segura a moenda e roda piranha
“Olha o gato do mato, pegou e segurou/Tá com medo do gato, segura que eu vou/Ô lelê segura a moenda/Ô lelê a moenda virou”, diz uma das letras, lembrando o trabalho escravo nos canaviais. Tudo com muita alegria e entusiasmo, principalmente quando é cantada a música Rodou Piranha, que pede para que se ponha a mão na cabeça, na cintura e que, com uma umbigada, se jogue outra pessoa na roda.

Outro destaque musical é o “pisa-pisa no caroço da pitomba/você toma o amor dos outros/mas o meu você não toma/mas se tomar eu vou buscar/pisa-pisa no caroço do juá”. A folia termina com “Serra meu baralho”, onde os cantadores jogam versos, geralmente engraçados, brincando com os presentes. Antes de partir para outro canto, canta-se o verso que marca os dois reiseiros homenageados – Lalu e Zé Raimundo: “Já cantei, já recantei/Não sei se cantemo bem/Se não cantemo a seu gosto/Deixa pro ano que vem”.








Folia de Reis resgata cultura e agrada o povo

Centenas de pessoas acompanharam apresentações do reisado em homenagem a Zé Raimundo, Lalu e Catarina

Uma burrinha que não desfilava há pelo menos 50 anos foi o grande sucesso do Terno de Reis Catarina Balaio de Fulô que encerrou os desfiles na noite da última sexta-feira (dia 6) arrastando uma multidão pelas ruas de Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina. Jovens, crianças, adultos e idosos acompanharam as apresentações que resgataram uma tradição que havia desaparecido desde a morte de antigos reiseiros, a exemplo de Zé Raimundo e Lalu.
Organizado pelo recém-criado Grupo Cultural Cayam-Bola o Terno de Reis conseguiu resgatar algumas músicas tradicionais que são cantadas com entusiasmo nas ruas da cidade. De Catarina Balaio de Fulô, ao Rodou Piranha, passando por Serra Meu Baralho, Pisa no Caroço da Pitomba as canções atraíram principalmente os mais velhos, que recordaram o passado, e a crianças e adolescentes, encantados com a harmonia do espetáculo.
O Terno de Reis este ano optou por visitar apenas algumas casas, aquelas que agendaram previamente. Mas foi nas ruas, na passagem da Burrinha e dos cantadores e sambadores, que o evento chamou a atenção. A cada apresentação, o número de seguidores aumentava. As fotos postadas na internet também chamaram a atenção de brotenses residentes em outras cidades e até de outros países. Da Suíça, onde mora, Maria Lúcia dos Santos-Daeppen se diz encantada com o que está acompanhando através da internet.


AUTOESTIMA
Já Neuza Araújo, que reside nos Estados Unidos, por telefone, acredita que “resgates como esses são importantes para promover a autoestima da população, especialmente daquela mais humilde, de onde a folia de Reis tem sua origem em nossa cidade”, Funcionária da Secretaria Estadual da Fazenda, Zilca Lenira Oliveira Campos, que reside em Salvador, também destacou “o belo trabalho de resgate das nossas tradições culturais”!
De São Paulo, a professora Eliran Oliveira destaca que “todo o descaso vivido pelo nosso município durante muitas décadas, não foi e nunca será motivo para desanimarmos, pois sempre surgirão pessoas e/ou grupos que, com talento e carinho, traz e resgata a riqueza cultural que faz parte do nosso povo e da nossa história”.
Várias manifestações de apoio ao regate cultural do resisado estão acontecendo em Brotas. O comerciante Noé Martins se disse encantado com a iniciativa e que já participou o fato ao seu amigo José Rosa, hoje residente em Camaçari. As famílias de Lalu e Zé Raimundo também marcaram presença no Terno de Reis, a exemplo da filha e da neta de Lalu, Preta e Neguinha, respectivamente. Do alto de seus 103, dona Chiquinha – parente de Zé Reimundo - recebeu a folia e, mesmo de cama, bateu palmas e festejou. Com lágrimas nos olhos, agradeceu pelo resgate, lembrando que fazia muito tempo que a Burrinha não saia nas ruas. Outro a se se manifestar foi Tadeu Viana, mostrando-se feliz e lembrando de suas origens na antiga Rua do Lagedinho e dos antigos reiseiros, como Zé Raimundo e seu filho Tota, Zé Bento e Lalu.
O resgate desta que é uma das maiores, mais belas e ricas manifestações culturais da Chapada Diamantina em Brotas de Macaúbas encantou ainda o prefeito Litercílio Júnior e a primeira dama Eliene, que receberam o Terno de Reis em sua casa e acompanharam o desfile pelas ruas na noite do último dia, 6 de janeiro. Júnior informou ter acompanhado outros reisados pelo interior do município, expressando a sua vontade de reforçar a luta pelo resgate desta que é uma de nossas mais ricas tradições populares.

                                Entra na roda minha burrinha...
                            Faz que dança minha burrinha...
Sapateia minha burrinha

 Vamos embora minha burrinha, ó como ela vai tão bonitinha...

sábado, 10 de dezembro de 2011

Bando do Velho Chico toca em Brotas



Grupo vem de Ibotirama e promete o melhor do forró em apresentação na sede do bloco Psiu Psiu

O grupo musical Bando do Velho Chico se apresenta neste sábado (10) na sede do bloco Psiu Psiu, de graça para o povo de Brotas de Macaúbas e visitantes. O show, com a mais genuína música das barrancas do Rio São Francisco e o velho e bom forró pé de serra acontece a partir das 21 horas, numa iniciativa do jornalista Deodato Alcântara e tem tudo para marcar a noite brotense. A lua cheia vai iluminar um trabalho que começou há 20 anos quando o menino Marcelo ganhou seu primeiro violão, um presente da irmã. Logo se juntou ao amigo Gerri e a parceria deu origem ao grupo musical, hoje um grande sucesso principalmente dentro do estilo musical de raiz.

Desde o seu estilo musical à indumentária, o Bando Velho Chico é original e inconfundível. O bando surgiu em 2004, através do primeiro CD - Saudades do Velho Chico - com Marcelo Nunes e Gerri Cunha, que foram agregando os demais integrante. A banda teve apenas algumas modificações desde o seu surgimento, mas a base segue firme pela estrada. São seis integrantes, além de Marcelo (violão, triângulo, voz) e Gerri (sanfona, voz, violão):  Eudes Cunha (flautista e educador musical, formado pela UFBA), Igor Reis (zabumba, violão, voz) e Anderson Serra Valle (baixista, voz, e violão).

O Bando Velho Chico já dividiu o palco com grandes nomes do cenário musical nacional e baiano, como Chico César, Geraldo Azevedo, Belchior, Vander Lee, Raimundo Sodré, Paulo Diniz e Renato Teixeira, dentre outros artistas. A banda surgiu em 2004, com Marcelo Nunes e Gerri Cunha, a partir de músicas autorais dos dois artistas que compuseram o álbum Saudades do Velho Chico. No São João de 2009, em Irecê, a banda gravou um álbum ao vivo que incluiu no repertório músicas de caráter autoral e de artistas como Dominguinhos e Luiz Gonzaga.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Apresentação do Auto obtém grande sucesso






Teatro e cultura para o povo enchem a Praça da Matriz em Brotas de Macaúbas nos 50 anos do Monsenhor João



Para um público de mais de mil pessoas concentradas na Praça da Matriz, o Grupo Cultural Cayam-Bola estreou no último sábado (3), com grande sucesso, O Auto de Nossa Senhora de Brotas. A apresentação marcou os 50 anos de vida sacerdotal do Monsenhor João Cristiano e foi aplaudida em cena aberta por várias vezes pelos presentes que se emocionaram com a história da fundação da cidade de Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, a partir do milagre atribuído a Nossa Senhora no Boqueirão.

A montagem, que foi assistida por delegações vindas de todas as paróquias da Diocese da Barra, utilizou recursos de teatro, canto e dança, fazendo um passeio pela cultura popular e religiosa. A Burrinha deu o tom de graça ao espetáculo que trouxe ainda índias, cantadores e repentistas, além da encenação da aparição do Anjo Gabriel a Maria.

A peça lembrou a Festa do Divino com o menino imperador e resgatou personagens históricos e culturais, lembrando, inclusive, do tradicional Hino da Cidade em sua letra original da professora Cotinha (a música é de Manoel Barbosa campos)



IMAGINÁRIO POPULAR

Entre esses personagens destacados no texto, quase todo em cordel, estão Lalu e sua mulher Catarina, ainda presentes no imaginário de todas as gerações de Brotas de Macaúbas, à exceção dos mais jovens. Eles foram figuras emblemáticas da cultura popular brotense, ao Lado de Zé Raimundo e Zé Bento, encarnando a alegria negra principalmente durante as festas de final de ano, quando desfilavam os reisados pelas ruas da cidade e também nas comunidades da zona rural.

Foi a partir das lembranças de infância que o jornalista, poeta e escritor Rosalvo Martin Júnior teve a idéia de juntar um pouco da memória da folia de Reis com outros elementos culturais, como a Festa do Divino e os bailes pastoris para montar O Auto de Nossa Senhora de Brotas, espetáculo com a junção de teatro, dança, música e folclore.

A apresentação do Auto marcou as comemorações pelos 50 anos de ordenação sacerdotal do monsenhor João Cristiano, um holandês que escolheu esta cidade da Chapada Diamantina, há mais de 40 anos, para desenvolver um trabalho de destaque, com a criação de escolas e a implantação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que promove muita gente, especialmente aquelas mais humildes.


APOIOS

A montagem do Auto também marcou a criação do Grupo Cultural Cayam-Bola e teve o patrocínio exclusivo da Pousada Vovó Terezinha, além de importantes apoios, a exemplo da Prefeitura Municipal, da primeira dama Eliene Ferro, do empresário Edilson Campos, além de filhos da terra como Dilton Aécio Oliveira, Deodato Alcântara e o bloco Psiu Psiu, Miguel Ribeiro, Cristina Sodré, Joelita Viana, Wanderley Rosa Matos, Zélia Donato, Dr. Carlos Martins Lopes e muitos outros.

TERNO DE REIS

O Auto de Nossa Senhora de Brotas contou com a participação de 17 atores mostrando a miscigenação do nosso povo através da mistura de raças: dos índios nativos aos brancos portugueses colonizadores e os negros trazidos para o trabalho escravo. O texto mostra que “foi da junção desses povos que surgiu a alma brotense”.

O Grupo Cayam-Bola prepara agora a apresentação do Terno de Reis Catarina Balaio de Fulo, entre os dias 22 de dezembro e 5 de janeiro. O projeto, já em execução, busca os patrocinadores e apoiadores para que o reisado saia às ruas com toda pompa e circunstância, resgatando uma tradição que vem se perdendo no tempo por falta de incentivo.


FICHA TÉCNICA

Direção e produção  e pesquisa – Rosalvo Martins Júnior

Sonoplastia – Belk Saldanha

Figurinos – Luciana Rodrigues

Maquiagem – Elenice Araújo

Alegoria – Elenice Araújo

Cenário – Rosalvo Júnior

ELENCO

Francisco Barbosa, Marcos Roberto e Rosalvo Júnior (jograis)

Tchica Sodré (Diabo)

Marcos Roberto (Burrinha)

Milena Sodré  (Catarina)

Amanda Campos (Catita)

Rosângela Novais e Nayara Carla (índias)

William Novais (Imperador)

Michel Roque (Lalu)

Rafael Novaes (Pai)

Ivone Alcântara (Mãe)

Késia Hellen (Menina)

Maria Paula (Anjo)

Dayane Novais (Maria)

Alekênia Barbosa (Isabel)

Marcos Manchinha (José)